Caro,

Uma das coisas que ainda acho mais estranhas nesses meses de não relacionamento é ainda não ter um apelido pra você. Não quero te chamar pelo nome. O nome é o que você é pra todo mundo e pra mim você não é o que é pra todo mundo.

As noites insones tem me feito preparar grandes discursos pra você, embora de manhã eu consiga colecionar desculpas pra não verbaliza-los. O que eu quero dizer é que eu eu estou pronta. Me sinto viva e com a maturidade de um velho sábio. A vida se encarregou, depois de muitos e muitos tropeços, de me deixar no ponto. No ponto, mas nem tanto… Com você, Caro, me desabrocham sentimentos quase  juvenis que eu tinha enterrado faz tempo, eu sinto coisas que eu prometi a mim mesma que não sentir de novo. Eu me fiz segura, independente, descolada e você tá acabando com tudo isso.

Então, faça o favor de comparecer e ocupar esse lugar que há tanto tempo está guardado pra você. Do contrário, me traga logo um bom texto caso não me queira, e um band-aid pra eu grudar no meu coração.

Grata.

Depois de um tempão de gaveta, resolvi mudar de casa. E vou estrear o novo ambiente desempoeirando meu último post.

 

O bom de passar por um momento longo de infortúnios é quando ele passa de fato. É um alívio perceber que, como muitas vezes disseram, a vida segue mesmo. E ainda que a gente deseje com toda a força do mundo apagar aquilo que machucou tanto, percebemos que o que é bonito sempre fica. E quando a gente lembra já não dói mais. E quando a gente lembra quase escapa um risinho torto do lado esquerdo da boca. Ainda bem.

abril/2012.